O DESCONCERTO DO MUNDO

Hoje, tal como ao longo dos tempos, o desconcerto está presente no dia a dia da Humanidade. Umas vezes com maior expressividade, outras menos. Em poetas, escritores (menos ou mais conhecidos), pessoas anónimas esta temática, em algum momento, foi motivo de reflexão. Exemplo disso é o poema “Ao desconcerto do mundo”, do ilustre poeta Luís Vaz de Camões. 
Viver… é balançar no limbo do desconcerto e do concerto, no limbo de escolhas acertadas e escolhas erradas …. 
Viver é percebermos que a vida, às vezes, pode ser injusta. O crime, aliado ao poder e à riqueza, parecem compensar; os pobres acabam, inúmeras vezes, por serem os mais atingidos; os “espertos” governam-se em esquemas e enredos que contornam as leis e as regras instituídas; outros há que alcançam lugares de relevo sem merecerem. 
A guerra atinge normalmente os inocentes, os chamados civis, que apenas podem (quando podem) fugir e tornar-se refugiados. E o desconcerto continua, pois, ser refugiado é outra condição de desconcerto. A fome… como morrem ainda tantas pessoas à fome, quando eu, quando nós, desperdiçamos ou escolhemos com muita esquisitice aquilo que nos apetece? Pois, quase sempre, se o poder e o dinheiro fossem colocados noutro patamar de importância, bem menor, a humanidade em si seria melhor e haveria mais humanismo e harmonia. A saúde, ou melhor, a falta dela é mais um dos tristes desconcertos que o mundo vive. E, atualmente, não se fala de outra coisa, pois fomos atingidos pelo temível coronavírus que virou o mundo de pernas para o ar, que o paralisou e embrulhou num mar de angústia e tristeza, com ânsias de dias melhores. 
 Como numa orquestra, onde todos se regem pela mesma pauta, fazendo um esforço para dar o melhor de si, assim deveria ser o mundo: “todos a tocar pela mesma bitola”, “todos a remar para o mesmo lado”, o lado do mundo concertado. Com os instrumentos afinados, com as orientações corretas do maestro em palco, e muita empatia uns pelos outros, a vida, as pessoas, o mundo, seria tão melhor! Utopia? Talvez! O certo é que os desconcertos atuais ferem, angustiam, desgastam e destroem. 
por, Íris Neves, 10ºA