APRESENTAÇÃO DO ÚLTIMO LIVRO DE EVA CRUZ


Integrada nas atividades das Jornadas Culturais e Desportivas do Agrupamento João da Silva Correia, estava prevista a apresentação do último livro de Eva Cruz, O leprechaun e a bailarina, pela própria autora que, infelizmente, adoeceu e não pôde estar presente. No entanto, a apresentação do livro (e a conversa à volta dele) aconteceu, pois Eva Cruz foi representada por duas grandes amigas que a substituíram: a doutora Clara Reis e a doutora Carmina Figueiredo, ex-professoras da escola secundária João da Silva Correia. 
Eva Cruz nasceu em Vale de Cambra, mas foi adotada por S. João da Madeira onde foi professora de inglês, nomeadamente na escola secundária João da Silva Correia, e é autora de vários livros.
Os seus livros têm alma e têm vida. Os seus livros são dádivas aos leitores. E o último não fica atrás dos anteriores. O leprechaun e a bailarina, publicado em maio de 2019, é um romance de cariz autobiográfico onde a rusticidade do vocabulário transporta o leitor para um tempo de um Portugal paupérrimo, carente de tudo, de onde só foi possível sair através da emigração. E, na família de Maria das Dores (que nome tão apropriado!), o leitor vive, ou revive, esse tempo doloroso, mas onde nunca faltou a esperança, concretizada em Maria da Luz (que nome tão profético!), a filha bailarina, nascida de pai incógnito. 
É um livro cheio de vidas, de lutas, de sofrimentos, mas também de vitórias. É um livro onde o papel da mulher é colocado em grande plano. Numa primeira geração, a de Maria das Dores, é retratada a mulher vítima de assédio sexual, a mulher analfabeta, a mulher mãe-adolescente, a mulher vítima da miséria, a mulher sem escolaridade, sem cultura. Numa segunda geração, a dos filhos de Maria das Dores, e sobretudo na vida de Maria da Luz, a narradora salienta a mulher lutadora, a mulher culta, a mulher cosmopolita, a mulher que luta para alcançar os seus objetivos. 
Eva Cruz não esteve fisicamente presente, mas deixou a sua marca, nomeadamente nos quatro livros que ofereceu e foram sorteados pelos alunos do ensino secundário que participaram nas duas sessões.

por, Ana Paula Oliveira, professora bibliotecária