ESCOLA SECUNDÁRIA JOÃO DA SILVA CORREIA FEZ NASCER O MUSEU DA CHAPELARIA – UMA HISTÓRIA ESQUECIDA

O Município de S. João da Madeira organizou a atividade “Dias da Memória”, em parceria com a associação KEEP, a Oliva Creative Factory e o projeto “Memórias para Todos” da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Este projeto tem como objetivo principal “fazer a recolha de memórias industriais do concelho de S. João da Madeira”.
No dia 7 de janeiro de 2020,  houve uma primeira sessão de esclarecimento e incentivo para que a comunidade sanjoanense participasse com as suas memórias (histórias, testemunhos, objetos…) e, no dia 17 de janeiro, decorreu uma palestra com testemunhos do trabalho de preservação da memória desenvolvido nas escolas, pois, segundo Maria Fernanda Rollo, historiadora, professora universitária e diretora-geral do projeto “Memórias para Todos”, “falar de História da Indústria e de memória industrial é falar de pessoas e as escolas são um dos espaços onde as coisas mais importantes acontecem, onde ensinar e aprender acontece.”

O Agrupamento de Escolas João da Silva Correia teve um particular destaque nesta palestra através da atual presidente da Assembleia Municipal, Dr.ª Clara Reis, que, na qualidade de professora da escola secundária João da Silva Correia, desenvolveu um projeto, entre 1993 e 1995, no âmbito da disciplina Área Escola, o qual ficou esquecido e foi, agora, relembrado.
Trata-se de uma história que faz parte do espólio da cidade, está na génese do Museu da Chapelaria e, por isso mesmo, não pode ficar esquecida. 
Clara Reis começou a sua comunicação fazendo a assistência ouvir a canção dos Pink Floyd, “Another brick in the wall” para, metaforicamente, provar que o projeto que desenvolveu contraria a mensagem da canção pois “a escola não é mais a sala de aula onde, num estrado, o professor transmite os conhecimentos, com prepotência, e os alunos são passivos. Os alunos atuais não são mais os tijolos do muro que impede a comunicação.”
A ESCOLA E A VIDA NA HISTÓRIA DE S. JOÃO DA MADEIRA – O NASCER DE UM MUSEU REGIONAL
Para o provar, Clara Reis apresentou fotos e documentos e demonstrou que professores e alunos puseram mãos à obra para impedir que a escola João da Silva Correia, ameaçada de extinção, visse os seus dias contados. Para que isto fosse evitado, urgia fazer algo. E teria de ser algo em grande que fizesse a comunidade entender que a escola tinha uma identidade. E a ideia não se fez esperar para ser implementada. “Porque não um museu regional? E a loucura fez responder SIM. Da escola para a comunidade, o museu nasceu e, de regional, passou a ser o Museu da Chapelaria.” 


Toda a escola abraçou o projeto. No primeiro ano, fizeram-se visitas de estudo, entrevistas a industriais e a operários da indústria da chapelaria, trabalhos escritos e áudio, que passaram a fazer parte do espólio do museu, e que culminou com uma exposição, na cantina da escola.
No segundo ano do projeto, com a exposição de máquinas e pequenos instrumentos recolhidos das fábricas e das famílias dos alunos que nelas trabalharam, surgiu a sala museu João da Silva Correia, um espaço para recordar tempos que já lá vão. Nesta altura, foi homenageado Artur Barros, chapeleiro desde os 9 anos, em São João da Madeira, entre outras atividades culturais, destacando-se a representação de Unhas negras, o romance de João da Silva Correia que retrata a dura vida dos chapeleiros, no início do século passado. 

Foi com comoção na voz que Clara Reis deu destaque à “capacidade de envolvimento da escola em momentos de necessidade”. Manuel Cambra, Presidente da Câmara nessa altura,  comprometeu-se a continuar o que os alunos tinham iniciado e estes tornaram-se autores de um trabalho que saltou da escola para a comunidade, “um legado deixado à cidade da qual a escola João da Silva Correia deve mostrar muito orgulho”. 

Num terceiro momento, representantes dos Agrupamentos de Escolas e do CEI apresentaram o trabalho desenvolvido no passado dia 11 de outubro, feriado municipal. Para a comemoração desta data, a presidente da Assembleia Municipal convidou as escolas a desenvolverem atividades com o objetivo de recuperar a memória da cidade e passar o legado aos alunos. O Agrupamento João da Silva Correia esteve representado pela professora Cristina Vieira que agradeceu o desafio lançado às escolas que se querem relacionar com a comunidade, pois é preciso “que os alunos tenham memória daquilo que foi São João da Madeira, cidade que saberá encontrar o seu caminho no futuro».

por, Gabinete de Comunicação