ATRAPALHARTE TRAZ A FARSA DE INÊS PEREIRA AO AGRUPAMENTO JOÃO DA SILVA CORREIA


No passado dia 16 de fevereiro, a companhia AtrapalhArte veio à escola secundária João da Silva Correia representar, em duas sessões, a peça de teatro Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente. 
A companhia, com sede em Coimbra, apresenta, pelo terceiro ano consecutivo, esta peça dedicada ao ensino secundário, interpretada por Cristóvão Carvalheiro, Mafalda Canhola, Nuno Geraldo e Rui Oliveira, encenada por Cristóvão Carvalheiro e aplaudida por todos os espetadores, os alunos de 10.ºano e respetivas professoras. 

A Farsa de Inês Pereira, encenada pela primeira vez em 1523, apresenta um enredo capaz de envolver o espetador até aos dias de hoje. O ponto de partida para a sua escrita foi um desafio lançado ao escritor, já que o acusavam de fazer plágio: criar uma peça a partir do ditado popular “Mais vale asno que me leve que cavalo que me derrube”. 
Esta é uma das obras que está a ser lida em sala de aula, no âmbito da educação literária (programa do 10.º ano de escolaridade), e é considerada a farsa mais elaborada de Gil Vicente, onde os animais do provérbio são metaforicamente encarnados por Pêro Marques, o asno que carrega Inês (é parvo, teimoso, deselegante e servil), enquanto o Escudeiro é o cavalo que a derruba (nobre e elegante, mas altivo e nada meigo). 
A Companhia Atrapalharte tenta dar uma nova roupagem ao texto, sem adulterar a obra vicentina original, tornando-a bastante acessível e de uma comicidade acrescida, que entreteve todo a assistência, roubando-lhe fortes gargalhadas. Porém, não faltam momentos de grande dramatismo, nomeadamente quando Inês é física e psicologicamente agredida pelo marido, os quais emudeceram a assistência. 
Em conversa com os atores, no final da peça, a assistência compreendeu quão difícil é quatro atores representarem oito personagens, tendo cada um de representar vários papéis. Apenas a atriz que representa Inês Pereira desempenha um único papel, mas, nas palavras do encenador, “é o papel mais difícil tendo em conta a evolução psicológica da personagem ao longo da peça o que exige muito dela”. 
E, para citar Gil Vicente, “assim se fazem as cousas” no Agrupamento. 


 por, Beatriz Lopes, 10.ºA e Ana Paula Oliveira, professora de  Português