ECO MISSÃO:
REDUZIR A PEGADA ECOLÓGICA DA ESCOLA
Sabia que cerca de 84% do lixo doméstico pode ser
reciclado? Sabia que uma única pilha deixada no solo contamina-o durante mais
de 50 anos? Sabia que uma gota de óleo pode poluir 25 litros de água potável e
que 1 litro de óleo alimentar usado contamina até 1 000 000 de litros de água? Sabia
que o consumo atual de recursos excede a capacidade do planeta Terra?
Está nas nossas mãos inverter esta tendência.
Enquanto
alunos do Curso Científico-Humanístico de Ciências e Tecnologias, fomos
confrontados com problemas de sustentabilidade ambiental e não ficamos
indiferentes. A terminar o curso, no 12º ano, criamos o Eco-Clube da Escola
Sede do Agrupamento de Escolas João da Silva Correia, com a missão de reduzir a
nossa pegada ecológica. Para tal, desenvolvemos um projeto com várias ações
para sensibilização dos alunos, enquanto cidadãos globais, visando o
desenvolvimento sustentável.
Segundo o “Relatório Planeta Vivo” de 2014 da WWF (Fundo
Mundial para a Natureza), durante mais de 40 anos, a exigência da humanidade
relativamente à natureza ultrapassou o que o nosso planeta pode repor, pelo que
precisaríamos de uma capacidade de regeneração de 1,5 planetas Terra, para fornecer
os serviços ecológicos que são usados atualmente. A sociedade tem vindo a mudar,
assim como os hábitos de consumo e, com estes, os resíduos produzidos.
Com o desenvolvimento das
sociedades, e com a consequentemente melhoria da qualidade de vida, acumulam-se
quantidades exorbitantes de resíduos, principalmente nos centros urbanos. A
expressão “resíduos sólidos urbanos” engloba quer os desperdícios domésticos,
quer os que são gerados para produzir os bens de que dispomos. A maior parte
desses resíduos podem ser valorizados. Em média, reciclar papel, vidro e
embalagens de uma família média permite poupar cerca de 700 kg de emissões de CO2
por ano.
Além dos resíduos mais frequentemente reciclados, também
outros, como os óleos alimentares de origem vegetal usados nos temperos,
frituras e conservas, têm um grande impacte no planeta. Levanta-se então a
questão: que destino dar a estes óleos, depois de utilizados, se os quisermos
eliminar adequadamente? A resposta de um cidadão mais inconsciente seria vertê-los
no esgoto, juntamente com alguma água ou então despejá-los diretamente no solo.
Mas esta ação, ao provocar quer a poluição ambiental (da água e do solo, com
consequente destruição da fauna e da flora), quer a obstrução de canalizações e
dos filtros das ETAR´s (Estações de Tratamento de Águas Residuais), coloca em
causa a sustentabilidade ambiental. Todavia estes óleos podem ainda ser
reaproveitados e transformados, por exemplo, em biodiesel.
Para reduzir a pegada ecológica, isto é, a área necessária
para fornecer os serviços ecológicos que utilizamos, devemos reduzir o consumo,
reutilizar os bens e reciclar os materiais. Reciclar é diminuir a exploração de
recursos e reduzir a poluição. Para tal, é necessário que sejam separadamente
recolhidos os diversos resíduos. A consciencialização dos cidadãos pode ser o primeiro
passo para a mudança, por exemplo, com a divulgação da correta utilização dos
pontos de recolha de resíduos para reciclagem, que são disponibilizados pelas
autarquias.
Existem projetos educativos promovidos por autarquias, como o “Concurso 100% Resíduos” do Programa Educativo Municipal de São João da Madeira, que visa contribuir para a valorização dos recursos produzidos, no qual a nossa escola participa. Esta autarquia associou-se ao “Projeto Vela por Óleo”, que concilia a educação ambiental com a produção de velas ecológicas, numa ação empreendedora, rentável, sustentável e ecológica. O objetivo é envolver toda a comunidade escolar na recolha de óleo alimentar usado, que é a matéria base na produção de velas decorativas e perfumadas, por um processo mecânico, que implica o uso de uma máquina e pastilhas de aromas diversos.
Figura 2- Ação de sensibilização em todas as turmas.
Todas estas iniciativas têm vindo a contribuir para uma melhoria dos hábitos dos alunos da nossa escola, o que já se traduziu no aumento da quantidade de resíduos enviados para reciclagem. Estamos conscientes de que a nossa ação tem vindo a dar frutos, pois já a curto prazo temos assistido a simples gestos dos nossos colegas, que estão a mudar e a contribuir cada vez mais para uma escola mais “eco”, e mais sustentável. Ainda assim, apesar do nosso esforço, há muito para mudar. Ainda não se verifica uma total separação dos resíduos produzidos na escola, e a recolha de óleo alimentar usado ficou aquém das expectativas iniciais, assim como a de outros tipos de resíduos de recolha selectiva, na escola. Por isso, estas ações devem ser continuadas, uma vez que a mudança de atitudes não se consegue a curto prazo.
É com orgulho que chegamos ao fim do nosso Curso do Ensino Secundário e podemos afirmar que a nossa intervenção não foi em vão! Acreditamos que todos os gestos em prol do ambiente fazem a diferença.
Cuidar do ambiente é tarefa de todos e de cada um…. dia a dia. O ambiente agradece a as gerações futuras merecem.
Carla Miguel; Diana Oliveira; Rita Costa (Eco-Clube
AEJSC 2014.2015)
Bibliografia
Silva, Amparo
e outros. (2009). Terra, Universo de Vida
12. Porto Editora: Porto.
WWF Portugal. Relatório Planeta Vivo 2014. Disponível
em: http://awsassets.panda.org/downloads/lpr2014_sumario_pt.pdf
Projeto Educativo Municipal São João da
Madeira. Disponível em: https://projectoeducativomunicipal.wordpress.com/nos/
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