A mobilidade à Polónia
marcou o final do projecto “Body & Soul”, do programa europeu Comenius, em
que a Escola Secundária esteve envolvida durante os dois últimos anos. A escola
parceira, III Liceum Ogólnoksztalcace im. Marii Konopnickiej, localiza-se na
cidade de Woclawek, que conta com 117.000 habitantes. Foi a primeira cidade europeia
onde após a ocupação nazi os judeus foram obrigados a usar a estrela amarela de
David. Para além de toda a vivência na escola e nas famílias polacas, do rico e
variado programa cultural destaca-se a visita a Gdansk e Westerplatte, pela sua
importância histórica. Gdansk, à
semelhança de grande parte da Polónia, ficou praticamente destruída durante a
II Grande Guerra, tendo levado 50 anos a ser recuperada. Foi nos estaleiros
desta cidade que nasceu o movimento Solidariedade -cuja luta influenciaria a
queda dos regimes comunistas na Europa -, liderado pelo sindicalista Lech
Walesa, que em 1990 viria a tornar-se presidente da Polónia. Westerplatte
é uma pequena península entre o mar Báltico e Gdansk, e foi o local onde se
desencadeou o ataque das tropas alemãs que marcou o início da II Guerra
Mundial. Os pouco mais de 150 soldados polacos ali aquartelados defenderam
corajosamente a sua posição dos ataques perpetrados por mar, ar e terra, por
3500 soldados nazis, até terem sido forçados a render-se por falta de munições
e mantimentos. Foi impossível não sentir um arrepio ao percorrer o espaço
carregado de tal simbolismo e ao visitar as ruínas das posições militares
polacas, que se encontram tal como ficaram após os ataques. Este museu a céu
aberto e o memorial que ali se encontra, ficarão, sem dúvida, especialmente
guardados na memória de todos os professores e alunos europeus participantes. A participação neste projeto conjunto
que envolveu mais de 600 pessoas da Alemanha, Bélgica, Eslovénia, Polónia,
Portugal e Turquia, constituiu um incalculável contributo para a formação
científica e pessoal dos intervenientes. Das atividades desenvolvidas na
escola, à vivência nas famílias e às visitas que proporcionaram um contacto
próximo com a história e cultura de todos os países parceiros, tendo como fio
condutor o trabalho de equipa entre as delegações dos diversos países,
foi efetivamente vivenciada a noção de identidade europeia. Foram
desfeitas ideias preconcebidas, eliminadas barreiras linguísticas e criados
laços de amizade que perdurarão para além de quaisquer objetivos gizados no
papel. Pena é que projetos desta
ordem, que constatámos estarem mais generalizados noutros países, não sejam prática
corrente nos projetos educativos das nossas escolas, pois, mais do que nunca, a
abertura a outras culturas e formas de estar na vida constituem mais-valias de
importância capital na formação dos nossos jovens.